sexta-feira, 4 de julho de 2014

João, a sábia e a pescaria

  João era um rapaz muito talentoso, sobretudo nos estudos e em seu trabalho, entretanto, tinha muita dificuldade para fazer amizades, não colegas, mas amigos de verdade com quem pudesse contar nas piores horas. Apesar desse infortúnio, não era isso o que mais lhe incomodava, João tinha sorte no jogo, mas não no amor.

  Da mesma maneira que João atraia amigos temporários, seus romances também não eram tão diferentes, não era um cara muito assertivo, fazia de tudo para agradar mesmo que aquilo lhe fosse danoso, preferia evitar brigas ao falar o que pensava e era facilmente convencido de que a culpa das coisas era sempre dele.

  Esse comportamento acabava por atrair pessoas que lhe usavam, isso tanto para as amizades quanto para seus partidos femininos, além disso, essa soma de caracteres quando misturada a pessoas com vícios de caráter muito ruins era negativa: João acabava por querer ajudar pessoas que não queriam ser ajudadas, elas o usavam, aproveitavam, e por fim, descartavam o pobre João.

  Começou a ficar extremamente isolado, não gostava disso, queria ser sociável, mas o ambiente social parecia ser uma experiência perigosa, começou a culpar as pessoas, achava que todos eram assim, certo dia, resolvera viajar sozinho para o meio do mato, ter um contato maior com a natureza.

  Alguns dias depois de fixar acampamento, encontrou com uma moradora da região, era uma pequena aldeia e essa moradora era considerada muito sábia pelos que ali viviam, ao conversar por alguns minutos, ele não resistiu ao carisma da moça, começou a se abrir e falar de suas frustrações com os outros, reclamou das pessoas, dos amigos, das "ex", de homens, mulheres, velhos, jovens, de todos ao seu redor. Então, em dado momento, João exclamou:

- "Veja, estou realmente desesperado, isso me incomoda há tempos, por mais que eu tente procurar não encontro pessoas de caráter, não sou perfeito, mas gostaria de ter pessoas minimamente confiáveis ao meu redor, não quero que sejam perfeitas, basta que me queiram o bem, mas sempre acabo por atrair os mesmos tipos"

  A moça então pergunta a João
- "Gosta de pescar?"

  João não entende, fica reflexivo, sabe que a moça quer chegar em algum lugar, mas não tinha a menor ideia do raciocínio que estaria por vir, então ele acena com a cabeça e responde:
-"sim, gosto de pescar, gosto muito na verdade"

  A moça então responde:
- "Querido João, se gostas tanto de pescar, deverias saber melhor do que eu que não há grandes chances de pescar peixes diferentes usando a mesma isca e no mesmo rio"

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